Qual é a grande diferença entre gerir uma carteira em bases fundamentalistas ou fazê-lo via análises gráficas, dicas de amigos e leitura de jornais?
A maior diferença entre as técnicas de gestão é que aquela baseada nas análises fundamentalistas proporciona a chance de ignorar os movimentos de curto prazo das bolsas.
Este talvez seja um dos maiores ganhos gerados por esta opção.
O fato de nos dissociarmos destas oscilações de curto prazo nos permite voltar nossas atenções e competências para algo que irá alavancar nossas possibilidades de ganho, qual seja, nos aprofundarmos nos estudos técnicos das empresas.
Concentrando nossas atenções na análise fundamentalista dos balanços das empresas pré-selecionadas melhoramos substancialmente a gestão da nossa carteira pelo maior conhecimento daquilo que acabará por proporcionar o objetivo final, a rentabilidade.
A ação está 20% abaixo do preço que estava há seis meses atrás, isto não é justificativa suficiente para vocês?
O acompanhamento sistemático de preços das ações das empresas que fazem parte de nosso portfólio acaba por interferir de maneira desastrosa nas decisões de gestão da carteira.
Nunca me esqueço de uma história que ouvi quando ainda era estagiário, em que um diretor de um velho amigo em uma determinada reunião de investimentos na instituição financeira onde trabalhavam (relato feito pelo próprio amigo meu) recomendou veementemente a compra de uma determinada ação pelo fato da sua cotação estar bem abaixo do valor que havia atingido seis meses antes.Interpelado por outro diretor presente na reunião a respeito dos parâmetros usados para justificar aquela recomendação, o diretor voltou-se para todos e disse : “A ação está 20% abaixo do preço que estava há seis meses atrás, isto não é justificativa suficiente para vocês? ”
Talvez tenha sido para ele, mas não foi para a instituição aonde trabalhavam, pois acabou sendo dispensado na semana seguinte.
Muitos gestores profissionais ou amadores possuem seus instrumentos de análise e gestão para embasar e justificar suas decisões de compra e venda dos ativos. Vários especuladores têm suas ferramentas, assim como aqueles que compram ações como investimento.
E todos estão certo, pois cada um procura aquilo que lhe é crível e satisfatório.
Apenas uma diferença os separa.
Alguns procuram PREÇO. Outros procuram VALOR.
Os que procuram PREÇO dão importância às oscilações diárias dos preços das ações das empresas que possuem.
Os que procuram VALOR automaticamente se isolam do olhar diário das cotações, pois passam a ver a empresa por dentro, de maneira consistente.
Os que procuram VALOR estudam as empresas e não se assustam com quedas repentinas pois os resultados das empresas não sofrerão quedas repentinas (a não ser que fatos econômicos negativos ocasionem isto).
A análise fundamentalista levará o investidor ou gestor a procurar o real valor das empresas, mostrando conclusivamente quanto deve valer a empresa. E o preço, a cotação da ação em bolsa, entrará neste momento apenas para embasar e concluir o estudo.
Os parâmetros estarão sempre alinhados e baseados em estudos fundamentalistas e, enquanto a empresa estiver com todos os seus índices nos níveis confortáveis, o gestor e o analista manterão essa empresa com confiança e podendo justificar a qualquer tempo esta decisão.
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